03 junho 2017

Toda a vida tem fases.

 E de repente o mundo todo lhe escapara das mãos. Era apenas agora uma alma vazia e que vagueava por ai sem saber bem o que ver ou até onde ir. Tinha a cabeça cheia e o coração vazio, era apenas um corpo sem quaisquer sentimentos que a fizessem sentir viva de alguma maneira. Vagueava por entre pensamentos e ideias que apenas se apagavam e a tentavam esmagar movendo-se para apertar o seu corpo quase morto de modo a permitir o esmagamento doloroso.
 Nos dias que corriam ela era apenas uma parte de si. Era uma pequena parte em tudo aquilo que fazia, não o todo que ela se comprometera a ser, mas sim uma parte, pequena, aliás, minúscula de si. Não sabia mais comunicar sem soluçar entre palavras, nem escrever sem tropeçar nas virgulas da vida. Não era mais ela, nem tão pouco era aquilo que outrora tentára ser.
 O silêncio que se fazia sentir dentro de si matava-a por dentro, cortava-a como uma lâmina fazendo cicatrizes bem visiveis aos compreendidos da vida e da tristeza. Hoje ela pensava, sonhava e até ambicionava de luzes apagadas para assim se manterem todos esses pensamentos, no escuro e não se acenderem nunca. Como ela, sem brilho, sem luz. 
 Todos os problemas dos outros eram melhores para serem falados que os seus e eram melhores de serem vividos e lidados, os seus eram apenas quebra-cabeças sem qualquer tipo de resolução possivel. Ela se sentia uma pessoa solitária, vazia e no final do dia incompreendida. 
 Mas um dia ela sabe que se vai resolver, dar um pontapé nesta pedra e vai vê-la desfazer-se e tornar-se pó. Vai andar na rua de cabeça erguida e olhar para si com um sorriso como se a vida nunca tivesse sido madrasta com ela. E eu sei disso, ela tem a força de cem homens para virar este mundo e o outro e um dia ela o fará. 
Por agora ela quer apenas chorar, ficar sozinha e carregar este fardo, contudo ela levanta-se todos os dias e segue com a sua vida e ai de quem um dia disser que ela é fraca!